TRANSPLANTE DE CÉLULAS TRONCO HEMETOPOIÉTICAS EM PACIENTES INFECTADOS COM HIV-1

Resumo

O HIV-1 (tipo 1) infecta células com receptor CD4 e com os co-receptores CCR5 e/ou CXCR4 em sua superfície, como os linfócitos T (auxiliar), macrófagos e células dendríticas. Predominantemente, no início da infecção, o HIV-1 utiliza o receptor CD4 e o co-receptor CCR5. Porém existem indivíduos que apresentam uma mutação na qual há uma deleção em homozigose de 32 pares de base (CCR5 Δ32/Δ32), fazendo com que o co-receptor CCR5 não seja expresso na superfície celular do hospedeiro, impedindo assim que o HIV-1 utilize o co-receptor para entrada viral e a consequente entrada na célula do hospedeiro. A Terapia Antirretroviral (TARV) não é capaz de erradicar o vírus que reside em reservatórios, sendo capaz de emergir assim que a TARV é descontinuada. Apesar de todo o avanço na TARV, ela sozinha, não é capaz de restaurar a saúde e a qualidade de vida dos pacientes de maneira satisfatória, além de aumentar potencialmente o risco de doenças neurológicas, hepáticas, cardiovasculares e renais. Esta é uma revisão bibliográfica sobre a cura do HIV-1 através de TCTH com homozigosidade para a deleção de 32 pares de base, (CCR5 Δ32/Δ32). Onde são revisados cinco casos de Transplante de Células Tronco Hematopoiéticas (TCTH) em pacientes infectados com HIV-1 e com neoplasias do sistema linfático e/ou hematopoiético. Diferentes técnicas de quimioterapia, irradiação de corpo inteiro, HLA idênticos, compatíveis, aparentados e não aparentados, foram utilizadas antes do TCTH. Dois pacientes receberam TCTH CCR5 selvagem (CCR5 wt/wt) e três CCR5 Δ32/Δ32. Nos pacientes que receberam o TCTH CCR5 wt/wt, após descontinuação da TARV, apresentaram replicação viral, e retomaram o uso da TARV. Dos três pacientes que receberam TCTH CCR5 Δ32/Δ32, um apresentou tropismo viral R4 trópico, entrando posteriormente em óbito e dois pacientes obtiveram a cura do HIV-1 e da referida neoplasia.