INTERIN

Editorial

2025-07-03T09:30:48-03:00

É com grande entusiasmo que apresentamos a nova edição da Revista Interin com o Dossiê “Comunicação e Educação: conexões do nosso tempo”, uma compilação de análises e reflexões científicas que abrangem as articulações entre os campos da Comunicação e da Educação. Agradecemos a contribuição atenta e generosa dos pesquisadores organizadores: Clóvis Teixeira Filho (UNINTER), Douglas de Oliveira Calixto (MACKENZIE, SP) e Eduardo Fofonca (UTP). Para os artigos integrantes do dossiê destina-se uma apresentação elaborada pelos organizadores, logo após este Editorial.

Apresentação

2025-07-03T10:36:45-03:00

O campo comunicacional é desafiado por mudanças profundas, tanto pelas atuais densidades sociodiscursivas, quanto pela expansão das tecnologias digitais e das tensões globais. Fatores que reposicionam o papel da comunicação em suas configurações organizacionais e institucionais, seguidas por deslocamentos éticos e estéticos. Já não se trata apenas de acompanhar os fluxos informacionais em busca de modelos lineares, mas de compreender os efeitos estruturantes das mediações de tecnicidade e de identidades, com consequências nos modos de viver, interagir e aprender.

Ecossistemas Educomunicativos

2025-07-03T10:20:38-03:00

A pesquisa desenvolve-se por meio de uma análise teórica sistemática, centrada nos fundamentos que definem a educomunicação como um campo interdisciplinar emergente. O estudo examina sua constituição a partir da convergência entre práticas pedagógicas, processos comunicacionais e mediações tecnológicas nos espaços de aprendizagem. A investigação revela que a articulação desses três eixos — educação, comunicação e tecnologia — provoca uma transformação nas práticas educacionais, deslocando modelos transmissivos para abordagens colaborativas. Nessa lógica, os dispositivos tecnológicos contemporâneos deixam de ser apenas ferramentas auxiliares para se tornarem elementos estruturantes de interações dialógicas. O ambiente educacional passa a ser compreendido como um território de construção coletiva do conhecimento, onde docentes e discentes atuam de maneira compartilhada, superando hierarquias rígidas e acolhendo múltiplas visões na construção de significados. A mediação tecnológica, quando orientada por princípios ético-críticos, potencializa ecossistemas educomunicativos marcados pela criatividade, pela reflexão e pela ação transformadora. Alinhada à concepção da educação como processo social inclusivo e emancipador, a educomunicação desponta como estratégia de fortalecimento da participação democrática, promovendo o redesenho das relações de poder e ampliando o protagonismo coletivo nos contextos midiáticos e escolares.

O protagonismo nas redes e a aprendizagem autônoma

2025-07-03T10:18:59-03:00

Usando as metodologias bibliográfica e comparativa, este artigo objetiva discutir o novo status do leitor, relacionando-o com as principais características do universo on-line e do contexto escolar, que, hoje, precisa corresponder às demandas da cibertextualidade compreendendo o conceito de letramento sob uma perspectiva mais ampla. Nos últimos trinta anos, a Internet tem desempenhado um papel fundamental, consolidando-se como espaço amplamente democrático, o qual garante não apenas acesso, mas também protagonismo. Como resultado, demonstra-se que, além de ler, ver e interpretar palavras, sons e imagens, o leitor é incentivado a produzi-los, modificá-los e até mesmo criticá-los. Dessa forma, conclui-se que a tecnologia digital, por oferecer mais acesso ao conhecimento, exige uma nova postura da escola e do professor, os quais devem orientar a busca, a seleção e o gerenciamento das informações. Quanto ao referencial teórico, o presente estudo faz uso dos pressupostos de Lucia Santaella, Magda Soares, Luiz Antônio Marcuschi, Flora Süssekind, Hans Ulrich Gumbrecht, entre outros.

O Conceito de Educação Digital

2025-07-03T10:22:05-03:00

Este estudo tem como objetivo analisar as concepções dos sentidos dados a esse conceito em publicações acadêmicas veiculadas em periódicos científicos brasileiros, com o propósito de reunir evidências que sistematizem como esse conceito vem sendo construído, apropriado e mobilizado. Para isso, a metodologia adotada se caracteriza por revisão sistemática à luz do modelo PRISMA atualizado em 2020 com adaptações para o estudo de cunho qualitativo em questão. A partir de critérios de inclusão e exclusão, foram identificados 15 artigos que contribuíram com definições de sentido à educação digital sistematizados em quatro categorias conceituais. Como resultado, o estudo identificou a educação digital como um processo contínuo que envolve o desenvolvimento de competências e a formação tanto de docentes quanto de discentes, articulando práticas de inovação pedagógica e integração tecnológica nos ambientes educativos. Nesse contexto, destaca-se a promoção da aprendizagem colaborativa, da interatividade e da conexão em rede, aliadas à prática crítica voltada para a inclusão, a autonomia dos sujeitos e o exercício pleno da cidadania.

Midiatização e Cotidiano Escolar

2025-07-03T10:35:51-03:00

O artigo apresentado trata de parte do resultado da pesquisa de doutorado, no programa de pós-graduação em Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense (UFF), que busca interfaces entre os campos de educação e comunicação. Apresenta-se a investigação do letramento midiático de jovens e adultos da Rede Municipal de Niterói, entendendo o letramento como uma ferramenta para uma educação emancipadora e crítica. Nosso objetivo é analisar a capacidade interpretativa dos sujeitos investigados sobre as informações que permeiam a sociedade. Os resultados obtidos até o momento apontaram que o letramento no cotidiano escolar de jovens e adultos tem sido uma ferramenta essencial na construção da cidadania desses sujeitos, na ampliação da sua visão mundo, além de potencializar sua criticidade.

Literacia midiática, cidadania e enfrentamento da desinformação entre os jovens paulistanos

2025-07-03T10:24:18-03:00

A atualidade é marcada pelo avanço tecnológico e circulação intensa de mensagens no meio digital, o que, consequentemente, gera dificuldade por parte da sociedade em absorver os conteúdos relevantes frente ao intenso fluxo de desinformação. Diante disso, este artigo investiga como jovens do Ensino Médio lidam com a mídia para fomentar a formação de cidadãos críticos no combate à desordem informacional. Partindo de um protocolo teórico-metodológico considerando as habilidades necessárias à literacia midiática, foram realizadas entrevistas em profundidade com trinta e seis alunos de escolas públicas e privadas, em São Paulo, de forma a compreender a sua realidade quanto às habilidades de acesso, avaliação e criação de mídia. Como resultados, revela-se a necessidade de aprofundar o uso de mídia na escola; a valorização da checagem de informações pelos jovens; a pouca atuação para engajamento cívico nas redes sociais pelas causas que acreditam; bem como um conhecimento restrito quanto ao impacto dos algoritmos no cotidiano da sociedade.

Expansão transmídia educativa e TikTok no curso de Publicidade e Propaganda

2025-07-03T10:25:58-03:00

Na contemporaneidade, a produção de vídeos tornou-se comum com o fácil acesso a dispositivos móveis. Nesse cenário, destaca-se o projeto de extensão Plug in, do curso de Publicidade e Propaganda da Furb (Universidade Regional de Blumenau), de Blumenau/SC, em execução desde 2001, que tem produzido vídeos para redes sociais digitais a partir de tecnologias acessíveis. O objetivo desta pesquisa é analisar vídeos educativos do TikTok, produzidos por integrantes do projeto, como forma de expansão transmídia. A pesquisa documental e qualitativa focou em vídeos baseados no filme O auto da compadecida (2000, Guel Arraes), produzidos no 2º semestre de 2024. Os resultados apontam para a presença de características de expansão transmídia como ferramenta educacional, enriquecendo o aprendizado dos acadêmicos e incentivando a criatividade na adaptação de mensagens para diversos meios.

Regimes de interação no YouTube

2025-07-03T10:27:01-03:00

O objetivo deste trabalho foi examinar as práticas interacionais de videoaulas nas plataformas tecnológicas de ensino digital no YouTube. O corpus de pesquisa foi definido pelo vídeo mais popular da Univesp TV no YouTube e analisado por meio do arcabouço teórico da sociossemiótica. Como resultado, observaram-se que o enunciador desenvolve estratégias de interação como um espaço para publicização dos seus conteúdos, porém, a interação encontra comentários e respostas de comentários que saem da programação. Essas interações demonstram nos modos de fruição que o regime de acidente ocorre, pois os interatores comentam a partir de expectativas e gostos relativos ao engajamento dos hábitos da sala de aula ou do conteúdo das aulas.

O rádio ludovicense e as práticas educomunicativas socioambientais

2025-07-03T10:29:50-03:00

O trabalho descreve o dial local da Grande Ilha de São Luís e constrói uma relação entre as rádios e a cobertura da temática ambiental. É examinada a presença de pautas relacionadas a questões ecológicas e emergências climáticas, entre outras, considerando as práticas da Educomunicação Socioambiental. Os resultados revelam uma cobertura limitada e esporádica, com a maioria das emissoras abordando o tema de forma superficial ou não mencionando em absoluto. A pesquisa destaca a subutilização das plataformas de rádio para promover a conscientização ambiental, o que impacta negativamente o engajamento público com temas cruciais para o desenvolvimento sustentável, em especial na promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Comunicação Comunitária e Educomunicação como tecnologia mobilizadora e participação juvenil

2025-07-03T10:30:31-03:00

O artigo apresenta as relações possíveis entre a comunicação comunitária e a educomunicação, enquanto tecnologia mobilizadora da participação cidadã, especialmente a juvenil. Por meio de um estudo de caso dos projetos Vozes Daqui de Parelheiros e Memórias em Rede, o presente trabalho busca evidenciar como ambas as práxis comunicativa e educomunicativa podem promover o diálogo e a emancipação dos sujeitos. As iniciativas realizadas em Parelheiros, São Paulo capital, e em Santos, no litoral do estado, exemplificam como comunidades periféricas, por intermédio da comunicação comunitária e da educomunicação, conseguem mobilizar seus territórios, desenvolver ecossistemas comunicativos abertos e dialógicos e, além disso, exercer sua cidadania.

Um conhecimento todo nosso

2025-07-03T10:31:32-03:00

A partir da leitura de autoras negras e autores negros, este artigo propõe um debate teórico-conceitual a respeito da produção intelectual produzida a partir de lugares e epistemologias não hegemônicas. Inspirando-se, também, nas reflexões de Virginia Woolf a respeito de como o gênero atua como facilitador para a produção intelectual, aciona a reflexão em torno da condição forasteira, proposta por Patrícia Hill Collins, para evidenciar as contribuições que o conhecimento produzido nas margens pode oferecer para a construção de epistemologias contracoloniais, evidenciando pontos cegos e uma perspectiva especialmente criativa a crítica com campos hegemônicos. Além disso, espera-se que o presente artigo contribua para pensar a educação como um processo comunicativo.

Atos, motivos, reações

2025-07-03T10:32:46-03:00

O artigo recorre à semiologia greimasiana para analisar um tipo de narrativa estabelecida mediante informações oferecidas pela ciência, discutindo o Minutos Psíquicos, canal distribuído pelo YouTube que adota como tema a psicologia. O produto, consequência da diversificação do audiovisual proporcionada pelas plataformas de streaming, organiza-se mediante uma estrutura recorrente nesses enredos que versam sobre o repertório de uma ciência. Seus episódios selecionam um conceito, elaborando enredos nos quais as situações em que os personagens se envolvem expõem a operação de uma ideia. Para compreender tal estrutura, recorre-se ao conceito da estrutura actancial, na expectativa de indicar como a significação estabelecida se organiza mediante eixos semânticos capazes de instituir o sentido em um microuniverso que é recorrente a despeito da diversidade de histórias.